A propósito do desaparecimento físico de Manuel António Pina e em sua homenagem aqui fica um poema
CALO-ME
Calo-me quando escrevo
assim as palavras falam mais alto e mais baixo.
Nada no poema é impossível e tudo é possível
Mas não arranjo maneira de entrar no poema
e de sair de mim e por isso a minha voz é profunda e rouca
e por isso me calo( e como me calarei?)
No entanto ninguém é tão falador como eu
nem há palavras que não cheguem para não dizer nada.
E vós também: não me faleis de nada ou falai-me.
Porque não sabeis o que dizeis.
Poesia Reunida
Sem comentários:
Enviar um comentário